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Animais abandonados: Eles não sabem o motivo. Só sentem a dor

Animais abandonados: Eles não sabem o motivo. Só sentem a dor

Animais abandonados: a dor que eles sentem e você não vê

Em calçadas movimentadas, estradas desertas ou terrenos baldios, a cena se repete todos os dias: cães e gatos vagando sozinhos, confusos, famintos, machucados ou simplesmente assustados. Não entendem o porquê de estarem ali. Foram retirados de um ambiente seguro e familiar e lançados à sorte. Esses animais, outrora parte de uma família, agora enfrentam a dura realidade do abandono. É um problema grave, silencioso e muitas vezes invisibilizado pela rotina urbana. Mas para quem sente na pele ou nas patas  o abandono, a dor é real e contínua.

O abandono de animais domésticos representa uma falha profunda na consciência coletiva sobre o que significa adotar. Um pet não é um brinquedo ou um passatempo temporário. É um ser senciente, que sofre, sente medo, fome, sede e saudade. Adotar um animal é assumir um compromisso de amor e responsabilidade, e quebrar esse vínculo sem justificativa legítima é não apenas um ato cruel, mas também um reflexo da falta de empatia que ainda persiste em nossa sociedade.

O abandono animal é um fenômeno multifatorial. Entre as causas mais comuns estão dificuldades financeiras, mudanças de endereço, nascimento de filhos, separações conjugais ou simplesmente a perda de interesse. Em muitos casos, a adoção é feita por impulso, sem o devido planejamento. As pessoas se encantam por um filhote fofo, mas não consideram que ele crescerá, precisará de cuidados, vacinas, alimentação de qualidade, passeios, atenção veterinária e, acima de tudo, presença e afeto.

Do ponto de vista veterinário, os efeitos do abandono são devastadores. Animais deixados à própria sorte estão sujeitos a doenças infecciosas, desnutrição, parasitoses, atropelamentos, maus-tratos e até morte. Além disso, o estresse emocional gerado pela ruptura abrupta com o tutor pode causar distúrbios comportamentais graves, como agressividade, apatia, automutilação e fobia social. O trauma pode ser comparado, em certa medida, ao luto humano — mas sem que o animal compreenda o que aconteceu.

Outro ponto crucial é o impacto ambiental e de saúde pública causado por animais errantes. Cães e gatos soltos nas ruas formam colônias, se reproduzem descontroladamente e sobrecarregam abrigos e centros de zoonoses, que nem sempre possuem estrutura adequada. Isso contribui para a disseminação de doenças como a leishmaniose, a raiva, a esporotricose, entre outras, que podem inclusive afetar humanos.

A adoção responsável é o primeiro passo para combater esse problema. Isso inclui não apenas acolher um animal, mas compreender que ele viverá, em média, entre 10 a 20 anos, dependendo da espécie e da raça. Durante esse tempo, ele dependerá completamente do tutor para se alimentar, se proteger, manter a saúde e receber carinho. É um vínculo de dependência e confiança que, uma vez quebrado, dificilmente é reparado.

É preciso também reforçar a importância da castração como forma de controle populacional. Animais não castrados tendem a se reproduzir indiscriminadamente, e os filhotes nem sempre encontram lares. Muitas vezes, são os primeiros a serem abandonados. Campanhas de esterilização gratuitas, programas de adoção consciente, educação nas escolas e penalidades severas para quem abandona são medidas eficazes e urgentes.

Do ponto de vista emocional, o abandono é uma forma de violência. Os animais desenvolvem laços afetivos profundos com seus tutores. Sentem alegria ao vê-los, ficam ansiosos na sua ausência e confortam-se com a sua presença. Quando esse vínculo é rompido sem motivo, o animal não entende. Ele espera. E continua esperando. Às vezes, até o fim da vida.

Conclusão

Animais não falam, mas comunicam com o olhar, com o corpo e com a alma. Um cão abandonado na beira da estrada não está ali por escolha. Uma gata faminta em uma calçada não pediu para ser deixada. Eles apenas sentem. Sentem fome, frio, dor, medo e saudade. E, acima de tudo, não entendem por que foram deixados para trás.

O abandono é uma ferida aberta na relação entre humanos e animais. É reflexo de uma sociedade que ainda precisa amadurecer na forma como enxerga os outros seres vivos. Ter um pet é como ter um filho que nunca cresce. Ele sempre dependerá de cuidados, carinho e presença. E a responsabilidade de garantir isso é, exclusivamente, humana.

Adotar um animal é um ato de amor. Abandoná-lo, uma crueldade silenciosa. Que cada um reflita antes de abrir a porta para um novo companheiro. Porque, para o animal, aquele momento será o início de toda a sua vida. Que não sejamos nós a transformá-la em um pesadelo.

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